Mais vida social




Recebi uma conta do Google+, a nova novidade do mundo das redes sociais. Ainda é cedo para ter uma idéia precisa da sua funcionalidade, já que a maioria dos meus amigos não o recebeu -- e, antes que eu pudesse convidá-los, a Google fechou a porteira, com medo de que o serviço crescesse mais do que ela pode administrar. Agora abriu novamente... mas quem é que tem disposição para encarar mais uma rede social?!

De minha parte, descobri que só consigo participar bem de uma ou duas, e mesmo assim às custas de um tempo enorme. No momento participo ativamente do Instagram, e um tanto menos ativamente do Twitter e do Facebook. Ao Linkedin vou uma vez por mês, se tanto, apesar da quantidade de emails que recebo dizendo que Fulano ou Sicrano querem ser meus amigos por lá. E, verdade seja dita, o número de pessoas que de fato me conhecem e que me procuram no Linkedin é maior do que nas outras redes.

Andei dando umas voltas do Google+. Como a essa altura já sabem todos, a sua maior novidade é a disposição dos contatos em círculos. Isso funciona muito bem. Ele já traz de saída um pequeno número de círculos básicos (Família, Amigos, Conhecidos – por aí), aos quais acrescentamos pessoas de acordo com categorias que nos parecem convenientes. Criei dois círculos adicionais, um para leitores, outro para pessoas que não conheço mas que escrevem sobre coisas que me interessam.

Ninguém sabe a qual dos círculos pertence na página dos outros, de modo que evitam-se mágoas desnecessárias e mal entendidos devidos a classificações de cunho prático. Quando entro no Google+ (que cria automaticamente um ícone na caixa do GMail), encontro as mensagens compartilhadas dos círculos que escolhi para o meu stream – por enquanto todos, porque um dos problemas do Google+ é que ainda faltam usuários suficientes para dar um caldo.

O sistema de círculos do Google+ é muito superior ao sistema de grupos do Facebook. É mais intuitivo e simples de usar. Assim que se acrescenta uma pessoa, ela deve ser incluída em um círculo específico. Isso facilita a vida do usuário na hora de separar o que quer ler e ver, e na hora de compartilhar idéias, fotos ou o que seja. Esses itens, aliás, podem ser compartilhados mesmo com amigos que não façam parte da rede social: eles passam a receber o que compartilhamos por email.

Outra ferramenta do Google+ que ganha do Facebook é o Hangout, onde se podem fazer videochats com várias pessoas ao mesmo tempo, ao passo que no Facebook é um por um.

O Google+ ainda está com uma interface mais limpa do que o seu principal rival. Se vão conseguir mantê-la assim são outros quinhentos, mas por enquanto a vantagem é indiscutível. Uma das coisas que mais irrita no Facebook é a quantidade de anúncios das páginas.

A vantagem imediata do Facebook é, além da familiaridade, a quantidade de usuários: todo mundo está no Facebook, a um ponto em que hoje estranhamos a ausência de alguém como, há algum tempo, estranhávamos quem não tinha email.

O  Google+ é, por enquanto, apenas a nova tentativa da Google de entrar na área das redes sociais. A empresa é dona do Orkut, mas este é um fenômeno esquisito que só funciona em dois ou três países. Tentou fazer sucesso com o Wave e com o Buzz, mas tudo o que conseguiu foi fazer onda com produtos que, afinal, não decolaram.

A nova ferramenta é mais bem pensada como um todo, tem muitas camadas a explorar e parece ter aprendido com as falhas das suas antecessoras e das suas rivais. Para sabermos se colou ou não, ainda vamos precisar brincar mais um pouco.

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Um ótimo uso dos filtros que hoje se encontram à vontade para todos os sistemas de smartphones é dar um jeito naquelas fotos antigas, feitas nos tempos de resolução baixa. Como usuária de primeira leva de tudo quanto é equipamento, tenho algumas centenas de fotos do gênero, que pareciam milagres na época do lançamento das câmeras com que foram clicadas, mas são, hoje, praticamente inaceitáveis. 

Ressuscitei umas feitas em Moscou, com uma Kodak DC265 de 1.6 Megapixel, no já longínquo ano de 1999, e tasquei-lhes uns filtros por cima. Não é que ficaram bonitinhas?


(O Globo, Economia, 9.6.2011)